Arquivos da Seção: Isto posto…

Isto Posto… As decisões erráticas do governo terraplanista de Bolsonaro!

Nem ao menos completara cem dias e o governo Bolsonaro já se firma no ideário popular como um vagão desgovernado descendo os trilhos da incerteza política, como uma nau a esmo no mar bravio da ignorância, em virtude da posição extremada em defesa de promessas estúpidas feitas durante a campanha eleitoral que o conduzira ao posto de comandante-chefe das forças armadas, criando a oportunidade de inexpressivo capitão dar ordens a generais “dez estrelas”.

Dentre os escatológicos compromissos firmados estava a extirpação de pretensa doutrinação ideológica das escolas brasileiras, levada a cabo por professores versados nas teses Marxistas, através de um projeto ignaro denominado Escola sem Partido; uma campanha em prol da modelação de um estereótipo de núcleo familiar que subsistira no século dezenove até ser atropelado pelos imperativos da civilidade contemporânea do século seguinte; um arremedo alcunhado de nova política calcada no que se convencionou a chamar de pós-verdade – uma tática utilizada por paspalhões como Trump, na qual a dimensão axiológica do que se é dito se mede pela afinidade ideológica dos agentes do discurso, e não pelo conteúdo enunciado; e, por fim, um realinhamento das relações exteriores para prestigiar certo grau de subserviência, sob a crença equivocada de ser tal atitude deletéria capaz de abrir as portas do mundo rico à combalida economia brasileira.

Nessa toada, considerando o absoluto fracasso das medidas anunciadas, como a famigerada Escola sem Partido, restou como espécie de obsessão ao governo errático de Bolsonaro a promessa de transferir a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém, embora seja a primeira cidade reconhecida internacionalmente como capital de Israel enquanto que a segunda tem sido objeto de intensa disputa entre judeus e palestinos.

Entretanto, assim como as demais promessas escatológicas, a transferência da embaixada brasileira em Israel também resultará em nada, conforme demonstra o recente recuo do presidente ao optar, ainda que por enquanto, por instalar apenas um escritório de negócios, já que a medida pretendida não traria nenhum benefício para o Brasil. Só se prestando a oportunizar aos países árabes, parceiros do agronegócio nacional, o direito de retaliação capaz de lançar a nossa combalida economia numa crise recessiva sem precedentes.

Isto posto, caro presidente, que tal focar em temas relevantes como reduzir as desigualdades sociais, criar meios de gerar empregos, distribuir renda, adotar medidas eficazes para desenvolver a ciência e a tecnologia hábeis a fazer do Brasil um país rico, porém, solidário e justo como promete nossa constituição? Que importância tem Israel anticristão se o propósito é Deus acima de todos?

Por: Adão Lima de Souza       

Isto Posto… A família Bolsonaro e o flerte com as milícias!

A família Bolsonaro parece não destoar do Código de Conduta que passou a imperar na cidade do Rio de Janeiro. Lá a ética pública se norteia por maquiavelismo que divide os bons e os maus políticos em grupos, nem sempre antagônicos, de mocinhos e bandidos, ou seja, ou o candidato se alia aos milicianos ou se rende aos narcotraficantes para poder se eleger vereador, deputado, senador, prefeito, governador ou presidente república.

Portanto, no combate a apontada criminalidade – esta pretensamente dissociada da corrupção política – o Estado, cujo dever era impor a Lei para manutenção da ordem, tolera a existência de milícias formadas por agentes e ex-agentes seus como se fosse uma espécie de força auxiliar sua na guerra declarada contra o tráfico que, assim como os milicianos, também costumam irrigar as campanhas políticas com o dinheiro sujo do crime.  

As Escolas de Samba, Sergio Cabral, Pezão e outras figuras notórias da 7ª Vara Federal Criminal, conduzida pelo juiz federal Marcelo Bretas.

Nessa toada, todos lembram que ao vir à tona a “contabilidade criativa” praticada no gabinete do deputado estadual Flávio Bolsonaro, pelo eficientíssimo assessor Queiroz, notável vendedor de carros que fazia multiplicar seus ganhos e de seu chefe com a velha prática de compartilhar dos salários pagos aos seus contratados, também vieram à lume dois conhecidos milicianos, antes homenageados pelo atual senador da república, pela bravura demonstrada no exercício das funções policiais, pelo “exacerbo” no trato da coisa pública e pelo esmero na aplicação da Lei.

Agora, quando finalmente suspeitos do assassinato da vereadora Mariele Franco e seu motorista Anderson Gomes são presos, eis que estes são milicianos – mocinhos auxiliares do Estado –, e o acusado de ter efetuado os disparos vizinho de ninguém menos que o presidente da república, num condomínio onde imóveis custam mais de quatro milhões, valores incompatíveis com o salário de um ex-policial militar e também de um deputado federal.

Todavia, considerando que o novo governo ainda colhe os louros da vitória, é bem possível que tais conjecturas sejam apenas fruto de intriga de quem apostou na oposição e perdeu. O tempo dirá.

Isto posto, faço minhas as palavras do saudoso Luiz Melodia “é bom ficar de olho aí”.

Por: Adão Lima de Souza       

Isto Posto… É preciso mais do que simplesmente recrudescer a pena, ministro Moro!

O pacote anticrime anunciado pelo Ministro da Justiça, Sérgio Moro, embora possa ser elogiado quanto à inovação de tentar tipificar a famigerada prática criminosa de Caixa 2 nas campanhas eleitorais e implementar no Brasil a possibilidade de acordo na seara criminal, o denominado “Plea Bargain”, uma ampliação do nosso conhecido e desmoralizado método de Transação Penal, peca por insistir na visão equivocada de nossos legisladores de que recrudescer a pena inibirá a delinquência.

A lei 11.343/2006, destinada à repressão ao tráfico ilícito de drogas, quando o escopo deveria ser a prevenção do uso indevido, a atenção e a reinserção social de usuários e dependentes, com políticas públicas eficazes, conforme anunciado em sua exposição de motivos, transformou-se na maior tragédia para o sistema carcerário nacional, pois quase dobrou a população de presos, passando de cerca de 400 mil reclusos em 2006 para mais de 700 mil em dez anos de sua vigência.

Agora, mais uma vez o governo saca uma fórmula mágica que tende a alcançar os mesmos resultados pífios que a Lei Antidrogas nos logrou no combate à criminalidade, na inibição às práticas delituosas, já que também parte da tese que o recrudescimento da pena é eficaz para coibir o crime.

Pensando assim, o ministro Sérgio Moro apenas incorre na mesma estupidez de tomar a Segurança Pública como problema de polícia, e segue fechando os olhos para as medidas realmente eficientes como as políticas despenalizadoras com a efetivação das medidas restritivas de direito, o debate urgente sobre a necessidade de tornar atípicas condutas como furto simples, ofensas à honra, dentre outros crimes elencados no Código Penal, de fácil de tratamento pelo Direito Civil, o debate responsável sobre a descriminalização do aborto e do uso de maconha, ao invés de facilitar o uso de armas, que fatalmente aumentará o número de ocorrências de crimes violentos.

Isto posto, um projeto sério de Segurança Pública no Brasil precisa contemplar primeiramente uma audaciosa Política de Desencarceramento, com mutirões de julgamento dos inúmeros presos provisórios amotinados nas fétidas penitenciárias país a fora, com acompanhamento sério das penas alternativas, descriminalização de condutas irrelevantes para o Direito Penal e, principalmente, um empenho estatal sem precedentes para a diminuição da desigualdade social reinante, que faz da miséria escravizante a condenação de jovens, abandonados a própria sorte e à oportunidade que o tráfico de drogas e a delinquência em geral lhes apresentam como meio de sobrevivência.

Por: Adão Lima de Souza    

Isto Posto… As Pessoas-Moscas

As tragédias ocorridas com a omissão criminosa em Mariana em 2015 e agora em Brumadinho, com o rompimento de barragens ocasionando a morte de centenas de pessoas, apenas demonstram cabalmente o profundo desprezo que capitalistas como a Vale nutrem pelo trabalhador, considerando a força proletária que os enriquecem como reles pinhões a serem abatidos no jogo de xadrez da ambição desmedida.

No tangente ao Estado, este trata o cidadão com a mais absoluta irrelevância. Basta ver o que acontece anualmente com as tragédias anunciadas que ceifam vidas de pessoas tidas por insignificantes, que atropelam destinos ao naufragá-los nas inundações decorrentes das violentas precipitações, cujo ciclo é previamente sabido, porém, não se faz útil para prevenir deslizamentos das encostas perigosas e, assim, conter o soterramento dos sonhos, do por vir dessa gente resignada que cava com as unhas o pão de cada dia e espera em Deus que lhe seja eterna a recompensa pelo tanto sofrer.

Quanto a dever das autoridades fiscalizar para impedir ações criminosas como as que provocam rompimentos de barragens, incêndios de boate, deslizamentos de morros, queima de museus e prédios residenciais, o prefeito, o governador e o presidente se ocultam na proteção infalível da irresponsabilidade, imunes, enquanto autorizam o morticínio ao agir para salvaguardar capitalistas desumanos que sobrepõem o lucro à vida humana, uma vez que para esta súcia de calhorda, trabalhadores pobres são como moscas que se exterminam envenenando o ar, a água, as plantações, os sonhos, o por vir.

Isto posto, a vós, irmãos em desgraça, ofereço a minha mais sincera condolência, já que também eu posso tão somente, pela fragilidade que me aproxima de vós, tornando-nos um só grito de desespero, ofertar-lhe meu pranto, pois que também eu me acomodo inconsciente sob as botas dos facínoras que nos esmagam com a insetos.

Por: Adão Lima de Souza

Isto Posto… Ceará: a permanente crise de segurança pública e os mesmos paliativos inúteis.

A audácia do crime organizado tem sido pauta certa no alvorecer desses últimos anos, a exemplo do que se viu no Estado do Amazonas em janeiro de 2017, cuja rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim deixou 56 mortos.

A atual crise no Estado do Ceará, com 98 ataques coordenados em 33 cidades, em manifesto desafio às autoridade públicas, apenas reforça a certeza de que o país perdeu as rédeas do combate ao Crime Organizado, estando hoje as facções como o PCC (Primeiro Comado da Capital), CV (Comando Vermelho) e outras de menor notoriedade, porém, de igual poder de intimidação, em luta aberta pelo domínio da rota de tráfico de drogas e dos presídios na maioria dos estados brasileiros.

E, tanto no Ceará como no restante do Brasil, os frequentes ataques aos ônibus coletivos, as investidas criminosas contra a manutenção da rotina do cidadão tornado refém, são provas irrefutáveis de que não se trata mais apenas de combate ordinário às práticas delituosas e, sim, de declarada guerra contra o direito de ir e vir das pessoas, reclamando das autoridades uma ação decisiva, contundente e eficaz que ponha limites a audácia dessa horda de criminosos e não mais esses velhos paliativos inúteis, consistentes no envio de policiais tomados de empréstimo às combalidas Forças de Segurança dos estados, em transferências temporárias de supostos líderes dessas facções, como ora se verifica na primeira medida adotada pelo doutor Sergio Moro, donatário do superministério da segurança.

No mais, cada vez que algum estado brasileiro pede socorro, ante a iminência de sucumbir perante as forças criminosas que assolam o país, o simples envio de tropas, as eventuais transferências de líderes têm sido medidas reiteradas, a funcionar como espécie de paliativo enquanto as autoridades pensam numa solução mais definitiva. Todavia, essa solução mais efetiva nunca chega. Enquanto isso, o cidadão permanece encurralado, refém do medo que se alastra pelas cidades, impotente diante da criminalidade que faz vítimas indefesos trabalhadores e mulheres e bem armados policiais.

Isto posto, conforme alardeado pelo novo governo um efetivo combate à criminalidade organizada, o cidadão brasileiro chegou a acreditar que na primeira oportunidade, a confraria de generais e o superministério da Justiça apresentariam algum plano sério que transcendesse os velhos paliativos inúteis, aplicados exaustivamente por seus antecessores.

Por: Adão Lima de Souza           

Isto Posto… Os políticos “honestos” e a velha prática corrupta da ‘rachadinha’.

Nas últimas semanas, o tema recorrente no noticiário brasileiro tem sido a vultosa movimentação financeira do ex-acessor parlamentar do senador eleito pelo Rio de Janeiro, Flávio Bolsonaro, e a incondicional disponibilidade de Fabrício Queiroz para servir aos membros da família do presidente eleito, seja designando seus filhos para os gabinetes, com excelentes salários e escassas horas de trabalho, seja simplesmente emprestando à futura primeira-dama irrisória soma de vinte e quatro mil reais.

É evidente que o assunto tem grande importância. Principalmente quando consideramos que o senhor Jair Bolsonaro se elegeu com a promessa de ser intolerante com qualquer ato de corrupção, não importando quem fosse o corrupto, o que certamente deveria incluir seus próprios filhos, uma vez que sendo o senhor presidente um convicto conservador, comunga com a tese de que honestidade é um valor que se aprende em casa, no seio da sagrada família que vem jurando proteger a qualquer custo.

Assim sendo, parece-nos que as desculpas esfarrapadas, as explicações desencontradas sobre empréstimos a alguém acusado de movimentar milhões em suas contas bancárias, a alguém identificado pelo COAF como responsável por transações cujo proceder indica claramente a devolução de salários por assessores contratados a custa do erário, numa prática assaz conhecida como “rachadinha”, apenas corrobora com o discurso de que mais uma vez o sufrágio não passou de estelionato eleitoral, como reiterada e sorrateiramente tem sido com o “almofadinha, o sociólogo bem intencionado, o operário desapegado e a madama honesta”.

Entretanto,embora a prática corrupta que se desvela agora no exercício parlamentar dos Bolsonaros não deva merecer menos atenção da mídia, devendo as autoridades “instaurar sindicância para apurar as irregularidades e punir os responsáveis”, como é de praxe se dizer quando nada será investigado, nem ninguém será punido, a verdade é que por trás dessas revelações veio à tona uma prática corriqueira nos gabinetes parlamentares, cuja denominação de “rachadinha” indica a persistência de um ato nefasto de corrupção com o dinheiro do povo, que mesmo agora tem sido colocado em segundo plano, apesar de generalizado nas câmaras municipais,assembleias legislativa e no Congresso Nacional.

Não se olvida em parte alguma desse imenso país, que a prática corrupta da “rachadinha”tem como propósito deliberado do vereador ou deputado se apropriar de parte dos salários dos funcionários contratados para servir nos seus gabinetes parlamentares, sem sequer precisarem esses servidores cumprir horário ou desenvolver qualquer trabalho.

Isto posto, se tivéssemos uma imprensa verdadeiramente livre, investigativa,informativa, o principal ponto que estaria sendo explorado agora seria como punir severamente essa pratica nefasta que ora se desvela pelos atos corruptos desta súcia de patifes e não apenas quanto os Bolsonaros levaram na pilhagem do erário com seu fiel escudeiro.

Por: Adão Lima de Souza  

Isto Posto… Atentado na Venezuela: outro “presente de Deus”!

“Oposição reprimida, radicais calados. Toda angústia do povo é silenciada”, Plebe Rude.

EDITORIAL – Em 2016, Recep Tayyip Erdogan, divulgou aos quatro cantos que teria frustrado uma tentativa de golpe militar na Turquia, comandada por “uma minoria dentro das Forças Armadas, que felizmente foi incapaz de fomentar a unidade turca”, resultando, a contraofensiva do governo, em 265 mortos e ao menos 2.839 militares presos, de imediato.

Disse ainda, em sua primeira entrevista à imprensa, que o golpe havia sido “um presente de Deus”, aumentando as suspeitas de que se tratava de complô forjado pelo próprio Erdogan para ampliar os poderes que reivindicava e abafar as investigações de corrupção.

Nos meses seguintes, aproveitou a oportunidade para reprimir a oposição e conseguir a aprovação de uma reforma constitucional que lhe deu maiores poderes. Reforma que, antes do golpe, não contava com o apoio parlamentar e popular necessário.

Com a outorga conquistada, executou um extenso expurgo no serviço civil turco,  a título de “contragolpe”, utilizando-se da vingança  não apenas para punir soldados amotinados, mas para reprimir ainda mais o que restava de dissidência política na Turquia, prendendo mais de 45.000 militares, policiais, governadores e funcionários públicos, incluindo 2.700 juízes, 15.000 professores e todos os reitores universitário do país.

Hoje a Turquia é o quarto país com mais jornalistas presos, e o Judiciário recentemente viu 3,7 mil juízes e promotores serem removidos de seus postos por meio de um único decreto presidencial.

Agora é a vez de Nicolas Maduro, certamente já enfrentando forte insubordinação dentro das Forças Armadas, uma vez que não dispõe mais dos petrodólares para financiar apoio ao seu governo repressor e sanguinolento, seguir a exitosa receita do ditador turco, forjando um ataque terrorista de araque ou um golpe de estado fracassado, para assim, ampliar os poderes já incontroláveis que detém e recrudescer a repressão contra seu povo faminto, à beira do desespero e, por isso, às portas de uma convulsão social sem precedentes no país.

Isto posto, tendo saído ileso do “fracassado atentado contra si e contra o povo venezuelano”, conforme dirá ao apontar como responsáveis agentes externos, certamente agradecerá o “presente de Deus”, e, a exemplo do facínora turco, o déspota Nicolas Maduro conclamará a necessidade de mais poder para executar seu desejado expurgo de opositores e da imprensa livre.

Por: Adão Lima de Souza

Isto Posto…“Aspetta il barítono STF!”

EDITORIAL – Eu sempre fui da opinião que a Operação Lava Jato, uma vez que havia emparedado os poderes executivo e legislativo, só poderia ser sufocada pela instância máxima do Judiciário, ou seja, pelo Supremo Tribunal Federal, na manobra sabiamente alcunhada pelo senador Romero Jucá de “o grande acordo nacional”.

Assim tem sido. Primeiramente o STF, ainda nos primórdios da operação que desbaratou o imenso esquema de corrupção na Petrobras, o Petrolão, votou pela admissão de esdrúxulo recurso denominado de Embargos Infringentes, manejado pelos corruptos condenados na Ação 470. E, assim, permitiu aos mensaleiros lançarem mão desse instrumento de defesa destinado à protelação do cumprimento de decisões não unânime proferida por tribunais, onde apenas quem pode pagar as caríssimas bancas de advocacia consegue exercer o velho e indisfarçável tráfico de influências.

Mas recentemente, passaram os ministros a encenarem, de forma canastrona e canhestra, uma pretensa divisão na corte suprema, sob o pretexto de conter supostos abusos na Operação Lava Jato, cuja baliza perpassaria pela proibição de conduções coercitivas, de prisões provisórias e de cumprimento de pena após segunda estância para corruptos poderosos como Lula-Temer-Aécio-Cunha-Jucá-Renan-Geddel-Cabral-Dirceu-Odebrecht e outros criminosos confessos do Clube de Empreiteiros que controlavam os sete andares do Departamento de Operações Estruturadas para dilapidar a Petrobras, alcunhado pelo MPF de Departamento da Propina.

Outro passo evidente do STF na cruzada pela manutenção do status quo da corrupção estruturada para enriquecimento pessoal das autoridades políticas e judicias, às custas da pilhagem do dinheiro público,  manifestar-se-ia nas recentes decisões monocráticas de seus integrantes, a exemplo de Gilmar Mendes, sorteado reiteradamente relator dos pedidos de Habeas Corpus – à revelia da probabilidade matemática, diga-se de passagem – por estar ele disposto a ser o condutor do tal acordo nacional, como se constata na concessão de liberdade a um sem número de  criminosos implicados na Lava Jato e nas frequentes visitas aos recônditos do palácio onde se refugiam notórios investigados.

Deste modo, seguindo a liturgia, os espalhafatosos Hermes modernos, dia a dia, colocam em prática seus estratagemas para assegurar a impunidade de seus iguais. Atentando contra o interesse da população ao vilipendiar a moral e a lei com a soltura sistemática de notórios ladrões, com base em argumentação frágil e desavergonhada, bem como engendrando esforços hercúleos para mudar entendimento sobre prisão em segunda estância, concedendo habeas corpus de ofício, sufocando investigações com proibição de necessárias prisões ou por meio de anulação das provas obtidas de forma legal pelos organismos dispostos a combater as “catilinárias” dos sacripantas que tomaram o poder de assalto no Brasil.

Isto posto, inocente cidadão, se achas ruim o jardim do Eden que é a 2ª turma, “Aspetta il barítono STF” e verás que muitos filhos teus fogem à luta!

Por: Adão Lima de Souza

Isto Posto… Locaute das empresas, nocaute nos sindicatos!

EDITORIAL – A greve dos caminhoneiros, iniciada sob o indisfarçável apoio do empresariado, já que a pauta de reivindicação de um e outro se aproximavam, tem pairando sobre si forte suspeita de ter havido a prática tida por ilegal no  artigo 722 da CLT, denominada locaute, o que  justificaria uma dezena de inquéritos policiais e investigações promovidas pela Polícia Federal e o CADE contra empresários apontados como mentores do movimento que fez vergar a espinha dorsal das arrogantes e inábeis autoridades brasileiras.

Todavia, ao correr da primeira semana, o que parecia um  movimento destinado a satisfazer os anseios do patronato afeito à exploração da mão-de-obra barata do motorista de caminhão, transformou-se num genuíno movimento de trabalhadores, com pauta própria e diversa da dos patrões e, em certa medida, contra os interesses destes, como é o caso da proposta de política de preço mínimo para o frete.

Outro ponto notável neste movimento é a completa ausência de organizações sindicais, historicamente alçadas a condição de representantes das reivindicações dos trabalhadores, como a CUT, CGT e outras centrais, que pouco a pouco vão sendo alijadas de sua legitimidade em função dos frequentes desvios de função praticados por seus líderes, sempre aliados à iniciativas nocivas ao direito dos trabalhadores em geral.

Assim, o que supostamente teve início com o chamado locaute,  transformou-se, pela liderança indefinida, porém forte e pontual dos próprios caminhoneiros, um tremendo nocaute nos sindicatos pelegos, ávidos por dinheiro e poder, banindo-os da luta justa e legítima dos trabalhadores da estrada por melhores condições de trabalho e por dignidade, uma vez que já não mais representam este ideal.

Por: Adão Lima de Souza 

Isto Posto… Alberto Dines: a última trincheira da resistência no jornalismo.

EDITORIAL – Hoje, nestas poucas linhas, venho com enorme pesar render minha homenagem, meu profundo respeito e eterna admiração pelo senhor Alberto Dines, o maior jornalista que esse país já teve.

Aos 86 anos, quisera o destino levá-lo. Ceifando o deleite dos que conviveram em sua companhia, e impondo a tristeza àqueles que como eu o tinha em grande consideração pelo profissionalismo, a lucidez e a incansável resistência na luta diária de situar o jornalismo como elemento primordial à construção da cidadania pela emancipação do sujeito humano.

O professor, escritor e jornalista Alberto Dines foi um combatente de suma importância para o Brasil dos tempos da ditadura militar e continuava sendo uma das poucas vozes a conclamar por uma imprensa realmente livre – por que não dizer libertária? – já que via no seu ofício um instrumento hábil a produzir transformações imprescindíveis à sociedade brasileira.

Já algum tempo conduzia um dos mais importantes programas que teve a televisão brasileira, o Observatório da Imprensa, onde esmiuçava as manchetes de jornais de grande circulação, sempre perscrutando as verdades que se ocultavam nas entrelinhas, a fim de pela análise lúcida do noticiário questionar qual o papel dos meios de comunicação, do ofício do jornalista e sua contribuição para o fortalecimento de uma nação em que democracia fosse um privilégio de todos e não propriedade apenas dos intocáveis senhores donos da República.

Alberto Dines fazia jornalismo como quem duela com o perigo, como o jogador que aposta tudo no único bem que vale a pena, pois somente a liberdade de pensar e ser são o destino e glória que engrandecem a pessoa humana.

Nem a truculência dos generais o fizera temer, pois quando da promulgação do Ato Institucional Nº 5 (AI-5), sob a forte e violenta ameaça que pairava sobre as redações, utilizando-se de inteligentes metáforas sobre a previsão do tempo,  narrou o momento político e a censura, nestes termos:

“Tempo negro. Temperatura sufocante. O ar está irrespirável. O país está sendo varrido por fortes ventos…”.

 Por fim, após ser preso em virtude da defesa da liberdade de imprensa e da democracia, arrematou:

“Eu sabia que haveria consequências, mas não imaginava que fosse ser preso. Temos que arriscar. São desafios que a vida profissional oferece e temos que saber aceitá-los, porque senão ficamos à margem da vida.”

Para terminar deixo aqui o abraço de quem, embora de fato não tenha grandeza igual a tua, sente-se como irmão teu nas afeiçoes e dores humanas e na incansável resistência da luta pelo por vir.

Então como dissera o poeta que “a terra lhe seja leve!”.

Por: Adão Lima de Souza